quarta-feira, 14 de setembro de 2016

lilases e outros sacrifícios

gostava de escrever-te coisas cheias de ternura, como os teus olhos. coisas cheias de emoção como os teus lábios. gostava de escrever-te sentimentos tão longos que teria que mudar de linha infinitamente.
palavras a fazer covinhas no teu peito. palavras com beijos a provocar a dilatação dos poros.
dias inteiros sem luz  a minha cidade tão perto da tua cidade. os teus pés, as tuas mãos no meu trapézio e as mãos tão compridas. os braços tão tensos, cheios de ternura como as palavras que eu gostava tanto de te escrever.

acendes-me o cigarro depois do livro, o cigarro depois do café, o cigarro depois do orgasmo, o cigarro depois do jantar.e eu invento uma história para te contar ao ouvido. e tu perguntas-me se é verdade e eu digo-te que a verdade foi uma coisa que os adultos inventaram para ter onde pousar os pés. e eu escrevo-te coisas cheias de ternura. pequenos papéis que espalho pela casa e depois prometemos que eu me esqueço de ti e tu te esqueces de mim. coisas cheias de ternura, era o que eu gostava de te escrever.


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