segunda-feira, 12 de setembro de 2016

nada

abro-te a porta e digo, peço desculpa mas não estou. encontro-me ausente ou desencontro-me ausente. talvez ponha só um papel na porta que diga "volto já". ou não diga nada. ninguém precisa de saber. provavelmente nem virás aqui à porta e, se vieres é para dizeres que é melhor preparar-me que vai chover. que é melhor vestir o casaco que vai estar frio. ou para dizeres que eu devia fechar as janelas porque entra vento. ou que te esqueceste da chave no outro dia e queres saber se a engoli.
ou seja, venhas ou não. eu não estou. vou ficar muito quieta e tentar não fazer barulho a respirar embora quase vinte anos de tabaco já se comecem a notar no volume da inspiração.
também se vieres, bates uma vez à porta e desistes, pensas foi às compras ou viajou ou deve ter ido ao café, passa a vida no café. ou não pensas nada ou pensas que te enganaste, ainda bem que não está senão o que lhe diria. de quem é esta casa afinal, pensarás. depois achas que enlouqueceste e que andas a bater à porta de pessoas que não conheces.


Sem comentários: