terça-feira, 27 de outubro de 2009

soube que eras diferente
no dia em que em vez do nome
me perguntaste com quantas mãos
se escreve o amor.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

voracitate

imagem de José Vaz


chegam-me às mãos as túlipas brancas
como um universo inflamado
de bocas e ombros tácitos
quando não ouço nenhum mar ocultar-se
na desenvoltura dos dedos
digo-te: é preciso um candeeiro nesta
rua iminente.
não há nevoeiro mais tardio a sobrevoar
o sereno amanhecer das algas,
o sentimento de ti começa na cegueira
das palavras previsíveis
e vai descendo a silente claridade
dos túmulos.

chegam-me às mãos as cidades necessárias
magras como cães de língua acesa.
digo-te: quero apenas o silêncio,
o fumo breve da inocência a trespassar-me
a avidez da sombra.



cláudia ferreira