sábado, 18 de dezembro de 2010

não quero o teu amor escrito no incêndio
nem a tua boca na tristeza dos dias mais longos
como se entrasses no café e te sentasses na mesa ao lado
onde ficarias para sempre como uma coisa morta.

talvez me amasses se eu não existisse para lá das fugas.
se eu fosse uma outra qualquer espera interminável.

se fosse difícil virias dar sentido aos anos
mas é tão simples gostar da tua saliva nas estradas secundárias
e eu não quero o teu amor.


cláudia ferreira

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

cv

uma janela de fugir aos astros
nove andares do sono mais distante
o sorriso monocórdico das musas
a abençoar o isqueiro no canto da mesa.
é daqui que se vêem os faróis cíclicos
assaltar o teu império?
muito antes de me chegarem as chagas
à boca já o teu nome se escrevia na
sombra granítica das putas sem dentes.

um tiro no pulmão por sermos vesgos ao nascer do sol.
corpos de látex de tanto foder com anzóis,
não é uma doença, uma bala na cegueira dos prédios.

pensão monumental - 25 euros
e podes morder a saliva aos animais domésticos do universo.


cláudia ferreira