
chegam-me às mãos as túlipas brancas
como um universo inflamado
de bocas e ombros tácitos
quando não ouço nenhum mar ocultar-se
na desenvoltura dos dedos
digo-te: é preciso um candeeiro nesta
rua iminente.
não há nevoeiro mais tardio a sobrevoar
o sereno amanhecer das algas,
o sentimento de ti começa na cegueira
das palavras previsíveis
e vai descendo a silente claridade
dos túmulos.
chegam-me às mãos as cidades necessárias
magras como cães de língua acesa.
digo-te: quero apenas o silêncio,
o fumo breve da inocência a trespassar-me
a avidez da sombra.
cláudia ferreira
4 comentários:
ah, voltaste (mas isto dito em tom vagamente histérico). mesmo que seja aos pouquinhos, gosto sempre de ver movimento por aqui. já te disse antes como gosto disto.
Usei este poema numa música (não sei se te lembras).
Vamos tocar ao Porto, dia 5 de Dezembro. Se apareceres, tocamo-la.
Ainda bem que vais regressando.
E era posível esquecer? Tão bom :)
Onde vão tocar?
Na Casa Viva, a partir das 16h (são 3 bandas - não sei qual é a ordem...)
Ando a tentar pôr a Voracitate nos eixos com o resto do pessoal (a versão que gravei era acústica) - espero mesmo que se consiga fazê-la para Sábado mas, se não conseguirmos, mando-te depois a nova versão! Va bene?
Aparece e diz olá ao guitarrista com a guitarra cinzenta!
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