quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

da exterminação dos lugares

9 horas, 6 minutos
(o pão que o diabo amassou)
a boca entreabre-se à procura da chuva

fugimos.
com tal voracidade que nunca mais nos voltamos a encontrar

posso dizer:
é o vazio ou o tilintar dos dentes a favor do frio
ou a tua ausência que me parte, um a um, todos os ossos do corpo.

mas não é.

o teu olhar escorre nos muros da cidade
e o teu cheiro entranhado nos dedos, 
(debaixo da pele)
é como uma espada a atravessar corpo

o silêncio.
de tudo, o silêncio.

como uma ferida a alastrar para fora de mim
a esventrar todas as tentativas
a dor física do silêncio a roer-me a pele

eu, como a equação perfeita da saudade.
tu, como um animal morto à porta de casa.



1 comentário:

Paulo disse...

Queria dizer-te que
Perdi o lugar em que vivias em mim.
Algures no frio e na cidade, talvez enquanto te procurava
Perdi o lugar em que vivias em mim.

Quando o silêncio se tornou negro e ensurdecedor,
Quando a minha pele ficou seca, áspera e gretada
Reparei no buraco imenso
Da falta que me fazes

Sabes a morte que existe num esquecimento?
Percorro a cidade, mas ela já não faz sentido
Procuro-te nos olhos de todos os que me cruzam
Sem saber ainda como irei reconhecer-te