
imagem de Raphael
eu nunca cheguei a casa.
tudo o que em mim morreu
estende-se ao longo de um corpo.
que não é o meu.
o filme acabou antes de poder dizer-te.
-não gosto de ti.
são as tuas pálpebras.
as tuas pálpebras absurdas a tilintar
no fundo dos meus olhos.
não sorrias, digo.
eu nunca cheguei a casa.
inventei nomes para a tua ausência
como se estivesses
ao fundo de todas as ruas.
é como se vivesses ainda do chão da sala
a criar teorias sobre o amor
dentro dos meus livros.
hoje não me apetece gostar de ti
nunca mais.
cláudia ferreira