
imagem de Pedro Moreira
ainda que me sobrem duas ou três palavras
para embaciar a mesa de centro na sala verde,
entristeço-me como na última noite das aves.
deixo cair violentamente sobre as acácias
as mãos exaustas do amante folheado no primeiro livro.
repito o nome das coisas mais fechadas
para não esquecer as circunstâncias.
não te construo, suponho-te taciturno e interminável
na ondulação da pele sob o vestido ansioso
e é nos meus olhos que acendo as ruas quietas
quando as janelas são minutos cegos a percorrer o corpo
como tenazes de fogo a evitar precipícios.
ainda que sobrem apenas dois pés cruzados
na tenacidade dos dias, o peito deitar-se-á nos teus vícios
numa corrosão infernal.
cláudia ferreira
1 comentário:
Absolutamente prendida à imagem, hei-de voltar para ler o texto... :)
Enviar um comentário