domingo, 16 de setembro de 2007

" These White Lights Will Bend to Make Blue "


imagem de Raphael



eu nunca cheguei a casa.
tudo o que em mim morreu
estende-se ao longo de um corpo.
que não é o meu.

o filme acabou antes de poder dizer-te.
-não gosto de ti.
são as tuas pálpebras.
as tuas pálpebras absurdas a tilintar
no fundo dos meus olhos.

não sorrias, digo.

eu nunca cheguei a casa.
inventei nomes para a tua ausência
como se estivesses
ao fundo de todas as ruas.

é como se vivesses ainda do chão da sala
a criar teorias sobre o amor
dentro dos meus livros.

hoje não me apetece gostar de ti
nunca mais.



cláudia ferreira

4 comentários:

lena disse...

eu posso dizer que gosto de ti e muito e gosto muito de te ler

posso dizer que tenho saudades tuas!


e sorrio para ti

tão belo o que escreves Cláudia, doce menina

abraço-te com força

lena

s. disse...

you said don't let love break you down
well just show me how and let me never be broken

linfoma_a-escrota disse...

uau muito bom mesmo eu adorei.

O feijão frade demora-se nos coentros
acabrunhando a brandura obediente do
asinino esfrangalhado em molho picle, é
o regime piramidal dos espatifados sioux
servindo cubinhos enfeitiçados de alho
ao cume do civismo socialyte, apurando,
com complacência, os termos laxismo e
sodium laureth sulfate, todos encharcados
em azeite e vinagre onde os anafados, e
regimentadas afilhadas, se contorcem na
medíocre textura de confiança engendrada
como anti-psicótico para os convivas que,
assim acostumados a tourear e seguros do
mecanismo de bluff prosaico da roleta-russa,
vão coagulando o esófago candidato a rival
com indirectas depuradas de virtuosidade.

Denominam-se de infiltração nos canos
neste imparável panóptico fenomenal, uma
civilização complicada até ao formato monopólio
e agudizam-se os agachados arriscando à lerpa,
apostam o PIB do país embalados pela judiciária
que salva-vidas oro dispersáveis em vicodin e os
modernos mandamentos da kaballah vocacionados
para compromissos de berbequim prosmeiros.


in quimicoterapia 2004
~
www.motoratasdemarte.blogspot.com

Menina Limão disse...

mais um poema (tão) tão bom.