terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Escreve aí qualquer merda sobre a arte de escrever.
Como é lindo o momento do encontro com a caneta ou com o lápis se te parecer mais poético.
Mete aí umas palavras caras que ninguém perceba e repete trezentas e vinte e cinco vezes a palavra amor e fá-la rimar com dor ou com fervor se quiseres assim uma cena mais erótica.
Sei lá, faz uns desenhos também ou põe uma andorinha em pleno voo. As andorinhas são muito poéticas e as fotografias não cagam.

E fala de escrever como se fosse uma arte e um ofício erudito e que nem toda a gente pode alcançar.
Ah, pois é bebé, tu é que és o escritor? O SENHOR ESCRITOR.

Se soubesses como dói cada palavra a escorrer pelos dedos.
Escrever os vazios, descrever os vazios.
Voltar ao início constantemente, como um bicho, bater sempre de cara inevitavelmente.
Ter a sensação de estar finalmente de pé e chegar à conclusão que não se tem merda nenhuma.
Viver a vida como um acidente, uma coisa que te aconteceu sem quereres.
Viver, inspirar, expirar. Fingir que faz sentido, ser-se maduro em vez de apodrecido.

Esquecer o momento, aquele único e terrível momento em que os olhos se cruzam e se enroscam inevitavelmente,finalmente e eternamente vazios.

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