sexta-feira, 10 de julho de 2015

resta a memória.

de quando os teus sonhos eram os meus sonhos
e fugíamos a evitar os dias, a contrariar o tempo.
as flores nasciam na berma das estradas
amarelas como o vício.

dás-me a mão e nunca mais te perco,
fazes de cada palavra uma promessa
um ponto sem retorno a coisa nenhuma

resta a memória.

do alucinante movimento da língua
em torno do desassossego
a imensidão da água na tepidez dos sacrifícios
dos corpos  inertes e do frio

talvez se abra uma janela num dia qualquer
no futuro, talvez se esqueçam todas as dores
as feridas poderão sarar e ponteiros alinhar-se

ficará apenas o rio, a descer suavemente a encosta
a previsão do incêndio e do nevoeiro
o sabor a sangue nos lábios.



E tu?

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