resta a memória.
de quando os teus sonhos eram os meus sonhos
e fugíamos a evitar os dias, a contrariar o tempo.
as flores nasciam na berma das estradas
amarelas como o vício.
dás-me a mão e nunca mais te perco,
fazes de cada palavra uma promessa
um ponto sem retorno a coisa nenhuma
resta a memória.
do alucinante movimento da língua
em torno do desassossego
a imensidão da água na tepidez dos sacrifícios
dos corpos inertes e
do frio
talvez se abra uma janela num dia qualquer
no futuro, talvez se esqueçam todas as dores
as feridas poderão sarar e ponteiros alinhar-se
ficará apenas o rio, a descer suavemente a encosta
a previsão do incêndio e do nevoeiro
o sabor a sangue nos lábios.
E tu?
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