quinta-feira, 8 de setembro de 2016

sugar

a verdade é até relativamente fácil de aferir. estivemos sempre cheios de gente à volta, essa é a verdade. quando não foi na mesa ao lado, quando não foi dentro da casa, quando não foi com o braço encostado no autocarro, foi dentro de nós. mas nunca estivemos realmente sozinhos e essa é uma verdade que aceitarás com facilidade.
mesmo quando eu te dizia, o mundo somos nós e eu não consigo distinguir as cores dos semáforos, eu não sei se as pessoas que se cruzaram connosco usavam casado ou traziam guarda chuva. mesmo quando eu te dizia isso, não era verdade.
ainda que nos imaginasse nos velhos western com o teu cavalo com nome de parque de diversões, e eu com o meu vestido às flores encardido, a servir cerveja a homens com cheiro de terra. mesmo aí, nunca era só tu e eu. no mínimo havia sempre o cavalo a relinchar o teu nome.
a verdade é fácil de encontrar, como vês. no único momento que estivemos perto de estar sozinhos já era tarde, e tínhamos tanta coisa para fazer que imediatamente ficamos novamente rodeados de fantasmas.
é a nossa história, cheia da história dos outros e com quase nada nosso.




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