terça-feira, 9 de agosto de 2011

da intensidade do gesto

digo-te desculpa não era para ti que queria ligar desculpa
não respondes? não era para ti prometo não era para ti que queria ligar.
parece que vives nos meus enganos mesmo quando os dias são bonitos
e lá fora chove em cima dos carros e dos cães. escrevo violência no silêncio do teu nome
e o momento acontece como se fosse um filme, a música trespassa os casacos dos habitantes com cio

a cera eléctrica na dança das bocas é uma cidade e não te queria ligar
eu preferia esquecer a voz ainda que lembrasse o corpo, o número de telefone e as ruas que desaguam na casa.
hoje o meu coração abriu-se aos animais, cristal umbrella do tráfico de sentimentos sazonais
devias chamar-te Martin, Henry, Jeff, hemoglobinapigmentaçãodaespécieabsurda
uma merda qualquer estrangeira que nos envergonhasse a pronúncia

as noites atravessadas sem bússula em cima de jornais diários gratuitos que anunciam a morte e o silicone.
línguas como borboletas nos parapeitos envergonhados das horas, pontas de cigarros para atirar às tuas fotografias
eu não te queria ligar quando saí enervada do emprego e esperava desmarcar todos os encontros no entanto,
foi a tua voz que surgiu do outro lado para me dizer está tudo bem e pode ser que um dia nos morram os arrependimentos.


c.

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