escrever-te.
duas mãos na odisseia urbana de existir
a arquitectar fogueiras em vãos de escada.
dois adolescentes, de olhos acesos
na entrada do prédio a partilhar a saliva de um cigarro
ausente.
existiram dias de criar divisões sem vista para o mar
em casas com escadas íntimas.
não acordes os estranhos, a sala está vazia
como no início das doenças.
- devias acender a luz do hall e pôr veneno no jantar
dos vizinhos. sentar-te à minha mesa e pedir perdão
pela pobreza do mundo. dá-me a mão e diz que me matarias
se não chovesse.
coisas tão vulgares como escrever-te.
existiram dias de túneis e mapas dispersos, vocábulos
cravados em gargantas de incêndios
existiu uma porta com o número 244 escrito a lápis
e a noite não doía.
lá fora morrem putas em frente a néones e eu sorrio.
virão dias breves como pessoas,
estreitar as ruas acidentadas do regresso.
c.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
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1 comentário:
A tua escrita faz-me lembrar Baudelaire. Não tem anda a ver, mas adoro o espectro de decadência sempre presentes nos teus textos.
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