sexta-feira, 5 de agosto de 2011

era a noite que riscava no teu peito
quando não me doías nas mãos
era apenas o teu corpo na condensação
dos segundos a segredar-me catástrofes
impensáveis.

foi o teu nome que chamei,
quando a respiração estéril
dos pulsos me acendeu na boca
um abismo de água.


dormias e soube-te presente
na fissura dos dedos
nas pedras mais distantes
destas ruas, hoje, -tão cegas-

-tenho a certeza das aves.
morrerei
ainda antes de perder
tudo o que és


c.

1 comentário:

Paulo disse...

Regresso agora dos sonhos
(onde não sei onde estive)
E encontro a quietude das certezas das manhãs
A luz clara, o som da vida lá fora, o olhar cortante de um gato, o aconchego da cama...
E o meu pensamento em ti.

Regresso agora de um pensamento de ti
Onde o meu corpo estremeceu e o meu coração se inquietou
(Como um velho detector de metais que percorre a areia da praia infinita e encontra o tesouro)
Neste pensamento, eu procurava a cor dos teus olhos
E percebi
Que eles eram o mar sonhado
E nele eu vivia para mergulhar

Amor, os dias não me pertencem
Nem o meu corpo ou o meu coração
Se os tenho, confiados, é para percorrer
Os mil e doze caminhos do teu nome.

E esta viagem, que doí e que me transforma,
Tece-nos nós entre nós,
Infinitamente infinitos
Como dois espelhos marcados no tempo que se olham...

Amor, os meus gestos são em teu nome.