sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

das unilateralidades do desejo


não precisas de mim
sei-o tão profundamente.

limito-me a atravessar ruas sem fim
mas nenhuma rua desagua no teu corpo
ainda assim, não é tristeza que me absorve os dedos
é antes o teu sorriso quando não estou
quando olhas vagamente para as pessoas
distraído.

é sempre o teu sorriso a invadir os meus dias mais lentos
e eu a desejar ser as pedras que pisas

tu a não querer saber.

no meu mundo não há reinos nem cavalos brancos
apenas o orvalho cobre os corpos dos amantes
que se deram à explosão do desassossego

ah meu desamor! que cruéis os teus lábios de água
se houvesse ainda sangue a latejar dentro de mim
decerto, não te sobreviveria.

c.

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