sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

do livro dos feitiços

Dou-te o sonho
E se não puder dar-te o sonho dou-te a noite
Subitamente etérea, a povoar-nos as alucinações

Ainda que não haja a noite
Dar-te-ei o sussurro encostado aos lábios
Como quem parte definitivamente de tudo

Se não restarem lábios para morder
Concedo-te o cheiro do mar numa manhã de Outuno
Em que não soube conhecer-te por já ter tão fundo no meu peito.

Ainda que não existam mais estações
E nos percamos em todos os inevitáveis regressos
E tu te esqueças e eu me esqueça
E as palavras se esqueçam de nós.

É nestas páginas que reside a vida
E podes ser quem quiseres
com a certeza, contudo
De que nenhum futuro apagará
A distância a que o meu corpo ficou da minha alma

Depois de ti.

c.