terça-feira, 28 de junho de 2016

da voracidade dos pulsos

consegues dizer-me quantas vezes te perguntei as horas?
talvez te tenha já escapado a memória

foram milhões de vezes

nunca acertamos no tempo
ou a pergunta surge antes da hora
ou a resposta escrita fora do caderno

servimos o tempo sem que ele nos sirva
demasiado largo a deixar cair todas as ligações
ou demasiado justo no esmagamento do diafragma

não sei se nos chegaremos a tempo
se existirá uma rua que nos acolha à mesma hora
se continuaremos às voltas no silêncio das aves

apesar disso e sobretudo por isso
todos os dias vou perguntar-te
que horas são.







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