talvez te tenha já escapado a memória
foram milhões de vezes
nunca acertamos no tempo
ou a pergunta surge antes da hora
ou a resposta escrita fora do caderno
servimos o tempo sem que ele nos sirva
demasiado largo a deixar cair todas as ligações
ou demasiado justo no esmagamento do diafragma
não sei se nos chegaremos a tempo
se existirá uma rua que nos acolha à mesma hora
se continuaremos às voltas no silêncio das aves
apesar disso e sobretudo por isso
todos os dias vou perguntar-te
que horas são.
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