sábado, 18 de junho de 2016

recuperação de um texto antigo a propósito da gallow dance

mais perto dos dedos, o sonambulismo
a fera térrea no limite da doença
os pés pequeninos das crianças
e o lixo - o mesmo universo descalço -
as amoras na boca do morto sorriem
os teus segredos mais facéis.

não vais receber esta carta
porque a engoli
e agora tenho o coração a bater
nas paredes da garganta.


1 comentário:

Anónimo disse...

Serão sempre estas ruínas o sal de quem navega

por um desígnio, com pássaros sobrevoando

a letargia de tardes sem nome e de cores irresolutas.

Será talvez um cego indagar, uma força demente,

as sombras que povoam os corredores e ressoam

dentro de nós como um antigo lamento.



Com a escuridão, desponta uma infância que trazias

nos braços e cuja exalação insisto despertar.

Qualquer coisa que tece e cobre de mansidão

estas fulgências que nos conduzem a distantes jogos.

Os pés pendem agora num azul que sustém

pensamentos de deslumbrante alegria.



Devem ser quinze os anos e poucas as margens

aonde não junto nossos esquecidos passos.

Acomodam-se estrelas, reverberam, mas infindos

são os caminhos em que mergulha o coração,

exausto de fabricar ventos e madrugadas,



sabendo que será sempre uma travessia

por demoradas areias, o reescrever dum nome

onde a melancolia procura estacionar a ferida veloz.

LN