a fera térrea no limite da doença
os pés pequeninos das crianças
e o lixo - o mesmo universo descalço -
as amoras na boca do morto sorriem
os teus segredos mais facéis.
não vais receber esta carta
porque a engoli
e agora tenho o coração a bater
nas paredes da garganta.
1 comentário:
Serão sempre estas ruínas o sal de quem navega
por um desígnio, com pássaros sobrevoando
a letargia de tardes sem nome e de cores irresolutas.
Será talvez um cego indagar, uma força demente,
as sombras que povoam os corredores e ressoam
dentro de nós como um antigo lamento.
Com a escuridão, desponta uma infância que trazias
nos braços e cuja exalação insisto despertar.
Qualquer coisa que tece e cobre de mansidão
estas fulgências que nos conduzem a distantes jogos.
Os pés pendem agora num azul que sustém
pensamentos de deslumbrante alegria.
Devem ser quinze os anos e poucas as margens
aonde não junto nossos esquecidos passos.
Acomodam-se estrelas, reverberam, mas infindos
são os caminhos em que mergulha o coração,
exausto de fabricar ventos e madrugadas,
sabendo que será sempre uma travessia
por demoradas areias, o reescrever dum nome
onde a melancolia procura estacionar a ferida veloz.
LN
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