horas infindas sem tocar nos livros, desalinhados na estante
semanas e semanas que percorri em círculo
sem lágrimas nem nexo.
os pássaros, lá fora, alinhados nos cabos
e o vidro que deixei de limpar para não entrar
a claridade.
cá dentro, tudo desarrumado
canetas, cinza, folhas, maços de tabaco vazios
incenso, o x-acto, o xanax, as aspirinas.
o armário cheio de camisolas de manga comprida
todas as chaves penduradas atrás da porta.
foram anos no chão a construir muros
a olhar por cima do ombro
a pisar as flores que teimavam em crescer
no chão do quarto.
dias, dias, dias, dias
esconder as feridas.
é preciso esconder as feridas.
treinar o sorriso ao espelho, é preciso.
amanhã vai ser melhor.
amanhã é que vai ser.
é preciso vestir um casaco
esconder as feridas, sorrir.
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