as ruas de Paris estão cobertas de sangue
já não veremos Damasco ao pôr do sol
e mesmo Londres escapa-nos entre os dedos
mas para que serviam todos esses lugares
se quando os tinha, os teus olhos não existiam
e o que me atrevessava o peito era só o vento quente de julho
já não temos nada de puro, meu amor
nem janelas abertas sem medo de doenças
nem coragem para correr esta avenida
ou mesmo a fragilidade de quem não consegue pronunciar todas as palavras.
restam-nos os atrasos do metro
os prédios em construção numa dor que não sentimos ainda
bilhetes feitos de pó e lábios que se entreabrem às possibilidades
e é tanto.
1 comentário:
Gosto muito. É sempre um prazer dilacerante ler-te.
LN
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