quinta-feira, 7 de julho de 2016

segredo

eu costumava sonhar com aviões
bicicletas e comboios.
coisas que nos evitam as permanências.

dás-me a mão, dou-te a mão.
eu costumava não te dizer
nenhuma palavra que denunciasse
este crime.

não poderias saber do assalto.
do homicídio perfeito que cometias
só por existires na amplitude dos meus passos.

tu não podias saber, não podias.
da faca a desenhar os lábios em frente ao espelho.
dos demónios que dançavam nos olhos
dos amantes em ferida.

não podes saber que engoli o tempo
para me sobreviver.
não podes saber.




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