quinta-feira, 28 de julho de 2016

prólogo

ainda nem nascemos
e os dias já são tão estreitos
como lâminas que nos apertam
a cabeça contra os joelhos.

o sangue escorre e suja
o tapete, ensopado
só faltava mesmo a merda
do tapete para limpar.

como se não bastasse
digerir a dor, relacionar
todos os acontecimentos
com inevitabilidades.

como se não bastasse
o jantar, pôr a mesa
arrumar a mesa
agora a merda do tapete
todo sujo para limpar.

nenhum nome para as psicoses
bate três vezes com o pulso
no teu livro favorito.
deixa-te invadir pelas lâminas
afiadas, isso...

sente os ossos estalar,
estamos quase a chegar
só mais duas estações
outono, inverno, não!!
primavera, quando nascem
as primeiras flores
quando os pássaros
cantam os arrepios.

limpa o tapete, caralho.

3 comentários:

Anónimo disse...

Grande vómito...

nocturnidade disse...

Obrigada, igualmente...

Anónimo disse...

«Como o seu pescoço era esguio e delicado, poderia ter sido cortado como uma fatia de pão. Apercebi-me disso imediatamente, era verdadeiramente tentador. Contudo, recusei educadamente, sem esquecer de lhes agradecer vivamente.» (...)