segunda-feira, 4 de julho de 2016

auto retrato

a minha solidão é a dos filhos únicos.

um quarto cheio de brinquedos.
a única sobremesa, a que pode ser tudo
ou nada.

esperta, rebelde com a mania das revoluções.
a que é do contra mas não sabe ir contra.
a que escreve nas escadas do escritório
e se contorce para não dar uso ao coração.

aquela que acende cigarros com o olhar
e mexe o café para preencher o tempo
coleciona cadernos vazios para acreditar
que o amanhã existe.


a que entre o quente e o frio
escolheu o morno.

que tem um par de asas,
mas apenas como adorno.






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