segunda-feira, 15 de agosto de 2016

adam e os perigosos silêncios (cadernos anteriores a 2003)

o mar é uma esferográfica inexplicável
e sobre a sua ausência pernoitas
os teus olhos são indecifráveis esponjas de luz
na rotação dos lírios em torno da noite

corpo - maçã vermelha que repousa nos impulsos da carne
dei-te um cigarro de mentol mas não pudeste entender
o alcance das unhas, encardidas, na pulsação das janelas

talvez lembres ainda uma pequena fonte, com peixes cor-de-laranja
quando na tua boca nasciam flores mortas,
ainda que negues o chilrear dos pássaros
hei-de ser sempre nevoeiro a dormir na tua sombra.


Sem comentários: