hoje, que me sinto capaz de cometer
todas as atrocidades para pousar
nos teus ombros os milagres
que me ascendem aos lábios
ainda que se erga a treva na ampla
dissonância das ruas, hoje
as tuas pupilas habitam a minha pele
como cães raivosos presos
atrás de portões de fogo e dor
vais encontrar forma de me ficar justo
ao corpo, amputar um a um todos
os meus membros e entre bocas rasgadas
pela crueldade do amor, far-me-ás
sucumbir na teia brilhante do sexo.
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