segunda-feira, 29 de agosto de 2016

masks on

aí, sentado à mesa todos diriam que és uma pessoa normal. cheio de talheres, de copos, de pratos deliciosamente empilhados. o cabelo, ralo a começar a mostrar os sinais da idade. a boca perfeita, os lábios desenhados como frutos maduros. as mãos sobre a toalha branca. quem te ouve falar de vinhos julga-te um entendido, temperaturas, regiões, mais ou menos frutado e reserva especial. ouço-te falar de vinhos como te ouço falar de amor, tudo exactamente como está escrito nos livros de cièncias da natureza. eu que nunca sei qual é o meu copo ou o meu garfo, se ponha o guardanapo no colo ou delicadamente pousado ao lado do prato. eu que pouso os cotovelos na mesa e digo foda-se debaixo dos olhares atentos da censura. tu, monocórdico como as musas a agradecer as amabilidades, a falar de vinho como quem fala de amor. como quem não percebe nada nem de uma coisa nem da outra. eu, impaciente, à procura de um sítio onde se possa fumar. traga-me a conta por favor.

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