domingo, 7 de agosto de 2016

das múltiplas respostas

diz-me a que horas te chego.
fico alinhada nos restantes pensamentos
ao lado da lista de compras,
do álbum que tens de ouvir,
do suor de um verão infernal
a escorrer pela nuca.

como te chego?
é a suavidade das algas no encontro da pele
ou a ferocidade de uma lâmina
que abre uma carta esquecida
na caixa das coisas por ver.

diz-me, fico sentada a olhar-te
ou sou um peso sobre o teu pescoço
que te faz olhar para baixo
que te faz virar para dentro
e deixa à vista o avesso da carne.

chegar-te-ei algum dia?
a cantar uma música que gostas
mas que não conseguirás reconhecer
tal a desafinação nas notas agudas.
a pronunciar palavras que ainda
não aprendi e de que provavelmente
nunca conhecerei o significado.

quererás tu, a certeza de que existo?


Sem comentários: