fico alinhada nos restantes pensamentos
ao lado da lista de compras,
do álbum que tens de ouvir,
do suor de um verão infernal
a escorrer pela nuca.
como te chego?
é a suavidade das algas no encontro da pele
ou a ferocidade de uma lâmina
que abre uma carta esquecida
na caixa das coisas por ver.
diz-me, fico sentada a olhar-te
ou sou um peso sobre o teu pescoço
que te faz olhar para baixo
que te faz virar para dentro
e deixa à vista o avesso da carne.
chegar-te-ei algum dia?
a cantar uma música que gostas
mas que não conseguirás reconhecer
tal a desafinação nas notas agudas.
a pronunciar palavras que ainda
não aprendi e de que provavelmente
nunca conhecerei o significado.
quererás tu, a certeza de que existo?
Sem comentários:
Enviar um comentário