domingo, 7 de agosto de 2016

nada

não procuro aconchego
quem me beije a testa depois de adormecer
o acto misericordioso de gostar
só porque um vez há muito tempo 
se disse que sim

não quero palavras fáceis, de retorno previsível
como preparar a roupa para o dia seguinte
com a certeza de que tudo vai acontecer
como tem que acontecer

a comiseração de quem pressente as lágrimas
a formar-se no fundo dos olhos
e faz uma travagem brusca diante de um sinal verde.

não quero todos os teus sorrisos
só porque os imaginei, um por um 
em todos os pedaços do meu corpo.

não me apetece sobreviver aos dias.
não quero gostar do que tu gostas
nem de mim.


Sem comentários: