segunda-feira, 22 de agosto de 2016

os pássaros dançam em desespero sobre as ondas.
não fosse o ruido confuso da rebentação, seria possível
ouvir as suas asas contra o vento.

quando foi a última vez que viste uma estrela cadente?
ou, simplesmente, a estante arrumada e os livros todos
à mesma distância entre si.
a última vez que não te doeu qualquer parte do corpo
e fumaste um cigarro sem culpa, e estendeste os pés
por cima da mesa e foste pescador, astronauta,
mágico ou vendedor de chapéus em paris?

a última vez que te despiste ao espelho
e percebeste que nada te regressará
e te deitaste no chão do quarto, nu
à espera que se soltasse o grito ou a gargalhada.
e nada se moveu, dentro ou fora de ti.

todas as ruas terão o teu nome
todas as canções saberão de ti

e essa é uma consequência de estares morto.



ou vice-versa. 


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