terça-feira, 2 de agosto de 2016

mirror, mirror on the wall

talvez te vá dizer muitas coisas que não gostas de ouvir.
na verdade, nunca fui muito delicada com as palavras.
eu sei que as palavras magoam e sei que não gostas de algumas coisas que eu te digo.
o propósito não é abrir feridas, mas não faço nada para o evitar, eu sei.
eu sei que as palavras doem, olha para mim, cheia de cicatrizes invisíveis.

eu não te magoo com intenção, mas eu sou má intencionalmente.
eu gosto de ver a corda esticar, gosto de rodar a pele do braço até não aguentar a dor.
eu sei que sou má e digo coisas que tu não gostas.
faço-te o mesmo que faço ao meu braço, a questão é
quanto tempo aguentarás tu? eu sei quanto tempo aguenta o meu braço.

tu tens um certo prazer em ouvir coisas que não gostas.
testas a tua serenidade, pões essa calma aparente toda na balança.
lá consegues manter o equilíbrio, tu não dizes coisas que eu não gosto.
mas eu não gosto das coisas que tu não dizes.
e tu sabes disso, é a tua melhor vingança.
e tu sabes tão bem disso.e isso sim, é propositado.

sabes que eu odeio as coisas que tu não dizes
e por isso eu vou continuar a dizer coisas que tu não gostas
até a pele se romper, até a corda rebentar.
depois fingimos que foi o destino.
que também é uma mania nossa
para nos livrarmos da culpa.



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