na verdade, nunca fui muito delicada com as palavras.
eu sei que as palavras magoam e sei que não gostas de algumas coisas que eu te digo.
o propósito não é abrir feridas, mas não faço nada para o evitar, eu sei.
eu sei que as palavras doem, olha para mim, cheia de cicatrizes invisíveis.
eu não te magoo com intenção, mas eu sou má intencionalmente.
eu gosto de ver a corda esticar, gosto de rodar a pele do braço até não aguentar a dor.
eu sei que sou má e digo coisas que tu não gostas.
faço-te o mesmo que faço ao meu braço, a questão é
quanto tempo aguentarás tu? eu sei quanto tempo aguenta o meu braço.
tu tens um certo prazer em ouvir coisas que não gostas.
testas a tua serenidade, pões essa calma aparente toda na balança.
lá consegues manter o equilíbrio, tu não dizes coisas que eu não gosto.
mas eu não gosto das coisas que tu não dizes.
e tu sabes disso, é a tua melhor vingança.
e tu sabes tão bem disso.e isso sim, é propositado.
sabes que eu odeio as coisas que tu não dizes
e por isso eu vou continuar a dizer coisas que tu não gostas
até a pele se romper, até a corda rebentar.
depois fingimos que foi o destino.
que também é uma mania nossa
para nos livrarmos da culpa.
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