quarta-feira, 24 de agosto de 2016

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diz-me como é que eu vou guardar esse teu sorriso enorme, que eu nunca vi pousar nas minhas mãos.
eu, sem espaço. eu, pedaços. eu, quinquilharia que sai nas rifas da quermesse.
eu, sem espaço sequer para a minha loucura, a revirar os olhos à procura de um lugar para guardar o teu sorriso. igual ao daquela fotografia em que parece que te construiram a partir da boca. em que todo o teu corpo parece ter resvalado dos lábios.
o teu sorriso, o mesmo que eu pedia baixinho ao génio da lâmpada quando ele apareceu cá em casa para saber se eu tinha sobrevivido ao acidente.
onde é que o vou pôr? não cabe entre as folhas dos livros, nem no camiseiro junto aos lenços, não cabe debaixo do tapete na sala. tentei engoli-lo, mas não me passou da garganta. eu já chamei todos os especialistas, até o cardiologista diz não haver solução. ou me livro do teu sorriso ou tenho que arranjar um coração maior.


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